Trata-se de uma boia com dupla nacionalidade, portuguesa e sueca, que produz, pelo menos, três vezes mais energia que uma eólica.
Uma parceria entre uma startup portuguesa e uma empresa sueca, a Corpower Ocean, permitiu desenvolver um novo sistema de geração de energia, através das ondas, mais resistente e mais barato do que os sistemas apresentados e testados até agora.
Foi criada uma boia, que embora ancorada ao fundo do oceano, consegue produzir energia com a oscilação provocada pelas correntes e pelas ondas.
Na primeira fase que agora termina, e que contou com a colaboração da startup portuguesa Composite Solutions, foram investidos seis milhões de euros. Na próxima etapa, que corresponde à montagem da eletrónica e à fase de testes, serão investidos 15 milhões de euros.
Quantia significativa, mas que o consórcio considera possível de reaver, uma vez que uma boia produz, pelo menos, três vezes mais energia que uma eólica.
A primeira novidade desta tecnologia está no peso. “É uma meia escala e só pesa três toneladas. Inicialmente, em aço, só a estrutura de fora eram 11 toneladas”, explica Ricardo Neta, da Composite Solutions.
A boia construída em Portugal, com 11m de comprimento e 4m de diâmetro, está a caminho da Suécia, onde será testada durante cinco meses. “Vai ter um dry test, ou seja, um teste em seco, onde temos um equipamento a gerar o movimento das ondas. Quando tivermos duas semanas de funcionamento a 100%, com a carga máxima, colocamos o equipamento na água”. O que deverá acontecer no norte da Escócia.
Ricardo Neta explica como funciona a produção de energia na boia: “Temos o movimento de subir e descer, e depois tem um cilindro no interior que guia uma caixa de mudanças, que movimenta geradores, que transmitem a energia por um cabo para terra”.
Esta energia pode ser utilizada por qualquer pessoa, sendo inserida na rede sem qualquer processamento, uma vez que se trata de energia limpa.
E o que este projeto pode ter de bom para Portugal? “A nossa costa é enorme e as indústrias estão no litoral, por isso se tivermos maneira de gerar energia onde ela é necessária todos os custos podem baixar”.
Ricardo Neta fala de um “filão” que Portugal não está a aproveitar: “olhamos para os países árabes que têm o óleo e também queríamos o óleo, mas nós temos o mar, que é capaz de gerar a mesma energia, com menos impacto para o ambiente”.
A apresentação desta nova boia produtora de energia decorreu em Ílhavo, a bordo do navio-museu Santo André.
Na carteira dos benefícios está também a resistência, uma vez que esta tecnologia, construída em Portugal, oferece uma capacidade de enfrentar os piores cenários, como por exemplo tempestades marítimas durante vários dias consecutivos, algo que ainda não era possível até agora.
A energia das ondas é a energia limpa mais eficiente porque não depende do sol ou do vento. Mesmo com pequenas ondas, é seguro que a boia irá oscilar, e com isso produzir energia, sem interrupções.
A startup Composite Solutions iniciou funções em 2014, está sobretudo voltada para o oceano e para a criação de estruturas compósitas para aplicação marítima, e, esta nova boia, é um dos seus principais projetos.
MIGUEL SIMÕES, TSF
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